quarta-feira, 15 de janeiro de 2014

Como castigar o seu filho quando já não é uma criança?

Estabelecer limites e fazer com que os seus filhos os cumpram é fundamental na hora de educá-los. Tudo isto é crucial nas idades compreendidas entre os 6 e os 12 anos, porque sem regras não vai conseguir fazer com que as crianças obedeçam. Seja firme e coerente, verá que não é uma tarefa impossível. Apenas requer tempo e muita paciência.
O mau comportamento generalizado das crianças nos últimos tempos fez com que toda a sociedade (pais, professores, governos) pergunta-se se a educação que damos aos nossos filhos é ou não a mais adequada. Para alguns os castigos são ineficazes, já que muitas crianças têm uma inclinação tal que não se pode fazer nada para evitar os seus comportamentos. Desta forma, a decisão não será fácil: Educar uma criança implica castigá-la alguma vez? Os castigos são inevitáveis? Pode-se castigar bem ou castigar mal?

Todos os pais, mais cedo ou mais tarde, recorrem ao castigo como ferramenta para modificarem ou modelarem a conduta dos filhos. Por isso, é imprescindível saber como fazê-lo. A primeira coisa a ser feita é estabelecer, claramente, o que é e o que não é um castigo. Os castigos podem ser de dois tipos:
- A aplicação de algo negativo e desagradável para a criança (ficar fechada no quarto, não sair da cadeira onde está sentada, etc.)
- Ou a retirada de algo positivo e agradável (não ver o seu programa favorito, guardar algum jogo do seu filho, etc.).
No entanto, em nenhum destes casos deve humilhar a criança ou fazer ver que a autoridade dos pais está acima de tudo.
Para que um castigo resulte, há que seguir uma série de regras:
  1. Devemos ter um objectivo. É frequente ouvir os pais dizerem “Porta-te bem!”, “Não faças isso!”, etc. Estas expressões têm diferentes significados para cada pessoa. As crianças entendem melhor se lhes explicarem as regras de uma forma mais concreta. Um limite bem especificado diz ao seu filho exactamente aquilo que deve fazer, como por exemplo “Não pegues no teu irmão!”, “Dá comer ao cão já!”.
  2. Ofereça opções. Em muitos casos pode dar ao seu filho uma oportunidade limitada de decidir como cumprir as suas “ordens”. A liberdade de oportunidade faz com que as crianças sintam uma sensação de poder e controle, reduzindo assim as resistências. Por exemplo: “Está na hora de fazer os trabalhos de casa! Começas pelos de matemática ou de história?”. Esta é uma forma mais fácil e rápida de dizer a uma criança exactamente aquilo que tem de fazer.
  3. Seja firme. Em questões realmente importantes, quando existe uma resistência à obediência, deve aplicar o limite com firmeza. Um limite firme diz a uma criança que deve parar com este tipo de comportamentos e que deve obedecer imediatamente. Os limites firmes são melhor aplicados com uma voz segura, sem gritos e olhando a criança nos olhos. Os limites suaves supõem que a criança tem a opção de obedecer ou não.
  4. Mantenha uma margem. Quando dizemos “Quero que te vás deitar agora mesmo!”, estamos a gerar uma luta de poder pessoal com os nossos filhos. Uma boa estratégia é fazer ver uma regra de uma forma impessoal. Por exemplo: “São 22hora. Hora de ires dormir”. Neste caso, alguns conflitos e sentimentos estarão entre a criança e o relógio.
  5. Explique-lhe porquê. Quando uma pessoa entende o motivo de uma regra como uma forma de prevenir situações para si mesmo e para os outros, vai sentir-se mais interessada em obedecer-lhe. Deste modo, o melhor quando se aplica um limite é explicar à criança porque é que tem de obedecer. Isto ajuda as crianças a desenvolverem a própria consciência.
  6. Seja consistente. Uma rotina flexível (deitar-se um dia às 20h, no outro dia meia horas mais tarde e depois às 21h) convida a uma resistência e torna-se mais impossível de cumprir. Rotinas e regras importantes na família devem ser efectivas todos os dias, mesmo que você esteja cansada ou indisposta.
  7. Desaprove o comportamento e não a criança. É necessário que deixe claro perante o seu filho que a sua desaprovação está relacionada com o seu comportamento e não directamente com a criança.
  8. Controle as emoções. Vários investigadores afirmam que quando os pais estão muito chateados castigam mais seriamente e são mais propensos a serem mais agressivos verbalmente. Há vezes em que necessitamos contar até dez antes de falarmos.
  9. Aplique um castigo combinado com técnicas positivas. Quando escolhe um castigo, assegure-se que proporciona também uma disciplina positiva ao seu filho. O castigo não ensina uma criança a portar-se bem. Deve definir, ensinar e recompensar as condutas positivas que se querem estabelecer perante a criança.
  10. Esteja de acordo. Deve existir um consenso entre os pais, os critérios e os limites disciplinares a aplicar em casa, sobretudo, no que diz respeito aos castigos.
Um truque para cada idade
- Dos 6 aos 8 anos: A ”pausa obrigada” e enunciar as consequências de uma má conduta são técnicas disciplinares eficazes para este grupo de idade. De novo, a consistência e a coerência são cruciais. Cumpra a sua palavra na hora da disciplina, senão, perderá toda a sua autoridade. O seu filho deve saber que sempre faz o que você diz. Isto não significa que não possa conceder-lhe uma segunda oportunidade ou perdoar-lhe algum comportamento menos desejável.

Deve evitar castigos desmesurados. Se, por exemplo, castiga o seu filho com o facto de durante um mês não sair para brincar na rua, o mais provável é que a criança não se sinta motivada a portar-se melhor porque vai acreditar que já está tudo perdido.
Dos 9 aos 12 anos: À medida que vão amadurecendo e que reclamam mais independência, você deve ensinar ao seu filho que assumir as consequências dos seus comportamentos constitui um método eficaz e apropriado. Por exemplo, se o seu filho, de onze anos, vai dormir sem fazer os trabalhos de casa, deve proibir a criança de deitar-se antes de fazê-los? Provavelmente não, já que estaria a desperdiçar uma valiosa oportunidade para ensinar-lhe algo sobre a vida: “Se não acabas os deveres, vais para a escola sem fazê-los e, dessa forma, terás uma má nota”.


Por vezes, é bom deixar a criança errar um pouco (coisas que não se tornem graves, claro!). Isto porque com os próprios erros o seu filho aprenderá as regras muito melhor. No entanto, se a criança continua sem aprender as consequências naturais de errar, estabeleça as suas próprias consequências para ajudar a criança a modificar o seu comport
amento.

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