terça-feira, 11 de fevereiro de 2014

COMO LIDAR COM UM FILHO USUÁRIO DE MACONHA

Como lidar com um filho usuário de maconha
Seu filho chega da escola apático e diz que vai jogar bola com amigos do bairro. Depois de alguns minutos, você percebe que ele esqueceu a mochila em casa
Rapidamente, você toma a mochila - sem perceber que está aberta - e corre para a porta. Um pacotinho estranho cai, espalhando um cheiro intenso. De repente, você descobre que seu filho carregava maconha na mochila.
Essa pode ser a história de qualquer mãe. Adroga não escolhe classe social, cor ou sexo. Todos estão sujeitos a se tornar dependentes, mesmo experimentando uma "erva natural" como a maconha apenas por curiosidade. Mas, qual é atitude certa a tomar diante da situação descrita acima? O que fazer quando a maconha for encontrada no meio das coisas do filho?
"Não adianta ter uma postura agressiva, querer bater no adolescente. Por outro lado, fazer de conta que não viu também não ajuda", responde Luiz Gonzaga Leite, coordenador do Departamento de Psicologia do Hospital Santa Paula, de São Paulo.
Ele explica que o melhor caminho é conversar, saber o motivo da busca pela maconha. "A conversa não é tão simples como parece. Normalmente, o jovem vai negar de qualquer jeito que usa drogas, dizendo que o pacote é de um amigo, por exemplo". Se isso acontecer, os familiares podem observar sinais comuns em quem possui esse vício: mudança dos padrões de comportamento, isolamento, perda da noção de tempo, troca do dia pela noite, irritabilidade, extrema falta (ou aumento) de apetite, sono agitado, olhos avermelhados e necessidade de mais horas de sono.

Quando o adolescente já está num grau alto de dependência em relação à maconha, a conversa é ainda mais importante. Falar de um assunto tão delicado se faz necessário para conhecer a causa do problema antes de tratá-lo. E geralmente essa causa é uma situação que aflige o usuário. "Muitos casos têm como pano de fundo dificuldades e problemas emocionais. Como o adolescente é vulnerável, por ainda não ter sua identidade formada, são comuns as mudanças de humor e a baixa auto-estima. Isso faz o jovem desejar ser bem aceito numa roda de amigos, e ele acaba aceitando qualquer condição", conta Luiz.
Embora seja uma droga com efeitos mais leves, a maconha expõe o usuário a um risco imenso. "Na maioria das vezes, a pessoa começa a usar pequenas doses de maconha para mascarar os problemas. E encontra ali uma espécie de fuga, longe do contato com a realidade. Mas, com o tempo, aumenta a tolerância de seu organismo e ela sente que precisa de doses maiores e de substâncias mais fortes", alerta o médico.
Luiz frisa que, na hora de tratar o problema, cada caso merece atenção especial, com direito a opiniões de especialistas. Algumas vezes, a internação pode ser uma boa opção de tratamento, pois ali o usuário fica afastado de influências como o traficante de drogas e os companheiros no uso da droga. "Além disso, a família sofre menos desgaste emocional, já que é difícil que os pais estejam preparados para lidar com um filho dependente", completa Luiz. Ele lembra que alguns planos de saúde cobrem até 15 dias de internação.
Em outros casos, a família pode ajudar de modo mais presente, mantendo o usuário em casa. "O dependente de drogas costuma ter dificuldades para lidar com limites e frustrações. Por isso, quem for cuidar dele precisa ser firme sem ser duro, e tratá-lo com amor e tato", ensina o médico. Há opção também de clínicas e hospitais onde o paciente passa o dia e pode voltar para casa à noite.
Apesar dos danos causados pela maconha, alguns pais ainda acreditam que ela é apenas uma erva inofensiva. "Esses pais provavelmente vão se arrepender caso permitam o uso dela", lamenta Luiz. Isso porque a maconha pode ter um efeito menos agressivo ao corpo, mas ainda assim é uma droga e incita o uso de outras de efeito mais devastador, como a cocaína. "Na maioria das vezes, é um caminho sem volta", finaliza o médico.

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