quarta-feira, 29 de maio de 2013

Crianças violentas uma realidade dos nossos dias?

Impor limites é ensinar a criança a se controlar   


Um trabalho pioneiro da professora Maria Abigail de Souza, do Instituto de Psicologia da USP, com 14 meninos violentos, entre 9 e 11 anos, todos vítimas de abandono emocional e social, mostrou que estas crianças se acalmam ao receberem atenção de adultos próximos.
A idéia de atender crianças agressivas surgiu quando a psicóloga trabalhava com dependente de drogas entre 18 e 30 anos e constatou que todos os seus pacientes haviam sido crianças violentas.
A atenção e o afeto fazem com que as crianças que sentem ódio construam suas vidas no registro oposto, descobrindo vivências de amor. E, a partir daí, tenham ao menos possibilidade de escolha entre um e outro sentimento. Esta é uma das técnicas de tratamento de crianças agressivas recomendadas pelos psicanalistas americanos Fritz Redl e David Wineman em "Crianças agressivas" e "O tratamento de crianças agressivas" (Editora Martins Fontes). Os autores demonstram que a criança que sente ódio não consegue amar simplesmente porque desconhece o que é amor.
Mas há casos de crianças agressivas causados por problemas neurológicos, que podem ser hereditários ou decorrentes de quedas ou pancadas na cabeça, segundo o psiquiatra Alfredo Castro Neto. Os sintomas são mudanças drásticas de conduta, falta de controle dos impulsos (crianças muito agitadas) e dificuldade de atenção nas aulas:
- Há crianças que levam uma pancada na cabeça e sofrem lesão cerebral grave, que leva a um comportamento agressivo. Neste caso, a criança precisa de acompanhamento médico e talvez de tratamento com drogas fortes. Segundo pesquisas feitas pelo americano Paul Wender, estas crianças, se não forem tratadas, tornam-se adultos delinqüentes ou alcoólatras - alerta.
Claudia Andrade tem um filho com hiperatividade, doença que se manifesta por excesso de agitação e, às vezes, por comportamento violento. Ela diz que a melhor forma de ajudar é responder à agressividade com carinho:
- É difícil, mas procuro achar meios de punir construtivamente, sem fazer ameaças nem recorrer a pancadas. Meu filho melhorou muito depois que passou a fazer atividades alternativas como ioga para crianças.
A psicanalista e professora da Universidade Santa Úrsula Ruth Goldemberg ressalta que a agressividade pode ser um elemento positivo na criança, se for acolhida pela mãe sem retaliações:
- As relações humanas se constróem a partir do amor e do ódio. Se a mãe souber dar limites à criança com ternura e serenidade, a criança toma posse de seus sentimentos destrutivos e aprende a controlá-los. Quando a criança vive momentos de perdas importantes, como uma doença da mãe ou a separação dos pais, ela rouba, mente, incomoda desesperadamente e tem uma conduta caótica. Ela está chamando a atenção, pedindo ajuda. Se for atendida, recupera-se e os sintomas desparecem.
 

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