Impor limites é ensinar a criança a se controlar
Um
trabalho pioneiro da professora Maria Abigail de Souza, do Instituto de
Psicologia da USP, com 14 meninos violentos, entre 9 e 11 anos, todos
vítimas de abandono emocional e social, mostrou que estas crianças se
acalmam ao receberem atenção de adultos próximos.
A idéia de atender crianças agressivas surgiu quando a psicóloga
trabalhava com dependente de drogas entre 18 e 30 anos e constatou que
todos os seus pacientes haviam sido crianças violentas.
A atenção e o afeto fazem com que as crianças que sentem ódio
construam suas vidas no registro oposto, descobrindo vivências de amor.
E, a partir daí, tenham ao menos possibilidade de escolha entre um e
outro sentimento. Esta é uma das técnicas de tratamento de crianças
agressivas recomendadas pelos psicanalistas americanos Fritz Redl e
David Wineman em "Crianças agressivas" e "O tratamento de crianças
agressivas" (Editora Martins Fontes). Os autores demonstram que a
criança que sente ódio não consegue amar simplesmente porque desconhece o
que é amor.
Mas há casos de crianças agressivas causados por problemas
neurológicos, que podem ser hereditários ou decorrentes de quedas ou
pancadas na cabeça, segundo o psiquiatra Alfredo Castro Neto. Os
sintomas são mudanças drásticas de conduta, falta de controle dos
impulsos (crianças muito agitadas) e dificuldade de atenção nas aulas:
- Há crianças que levam uma pancada na cabeça e sofrem lesão cerebral
grave, que leva a um comportamento agressivo. Neste caso, a criança
precisa de acompanhamento médico e talvez de tratamento com drogas
fortes. Segundo pesquisas feitas pelo americano Paul Wender, estas
crianças, se não forem tratadas, tornam-se adultos delinqüentes ou
alcoólatras - alerta.
Claudia Andrade tem um filho com hiperatividade, doença que se
manifesta por excesso de agitação e, às vezes, por comportamento
violento. Ela diz que a melhor forma de ajudar é responder à
agressividade com carinho:
- É difícil, mas procuro achar meios de punir construtivamente, sem
fazer ameaças nem recorrer a pancadas. Meu filho melhorou muito depois
que passou a fazer atividades alternativas como ioga para crianças.
A psicanalista e professora da Universidade Santa Úrsula Ruth
Goldemberg ressalta que a agressividade pode ser um elemento positivo na
criança, se for acolhida pela mãe sem retaliações:
- As relações humanas se constróem a partir do amor e do ódio. Se a
mãe souber dar limites à criança com ternura e serenidade, a criança
toma posse de seus sentimentos destrutivos e aprende a controlá-los.
Quando a criança vive momentos de perdas importantes, como uma doença da
mãe ou a separação dos pais, ela rouba, mente, incomoda
desesperadamente e tem uma conduta caótica. Ela está chamando a atenção,
pedindo ajuda. Se for atendida, recupera-se e os sintomas desparecem.
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