10 dicas para entender seu filho adolescente
As alterações hormonais típicas da adolescência trazem uma série de
mudanças comportamentais. Saiba como agir diante de questões como queda
no rendimento escolar e início da vida sexual
- 1 - Quando começa a adolescência?
- A adolescência é precedida pela
puberdade, que começa com o desenvolvimento das glândulas sexuais.
Geralmente, isso acontece entre os 9 e os 13 anos para as meninas; e
entre os 10 e os 14 para os meninos. No sexo feminino, a puberdade é
caracterizada pelo surgimento das mamas, gordura corporal, pêlos
pubianos e pelo início do ciclo menstrual. No sexo masculino, aparecem
os músculos, os pelos pubianos e a voz engrossa. Depois dessa fase
inicial, vem o que chamamos de adolescência propriamente dita. No
entanto, a puberdade - e consequentemente a adolescência - tem chegado
antes. "Hoje todas as questões que envolvem essa fase acabam vindo mais
cedo, desde as mudanças no corpo até uma série de alterações
comportamentais", afirma o psiquiatra Jairo Bouer. Há controvérsias
sobre o fim da adolescência e início da idade adulta. O Estatuto da
Criança e do Adolescente estabelece que ela acaba aos 18 anos, quando o
jovem atinge a maioridade, mas especialistas defendem que ela só acaba
após os 20 anos.
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- 2 - Por que a adolescência hoje começa mais cedo?
- Hoje,
as crianças começam a receber estímulos muito mais cedo. Com a
facilidade de comunicação, tudo ficou mais rápido, inclusive a chegada
da adolescência e a descoberta da sexualidade. Quem nunca viu meninas
muito novas com as unhas pintadas e usando sapatos de salto alto?
"Percebemos que as crianças de 9, 10 anos já estão preocupadas com o
aspecto físico", afirma Birgit Möbus, psicopedagoga da Escola
Suíço-Brasileira, de São Paulo. Mas atenção: essa aceleração no processo
de amadurecimento é natural, mas não acontece para todos ao mesmo
tempo. Por isso, é importante não forçar a criança a "crescer" antes da
hora. Cada um tem o seu ritmo e o do seu filho pode ser um pouco mais
lento do que o de outras crianças.
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- 3 - É normal mudar de comportamento na adolescência?
- Sim.
Todas as transformações físicas que chegam com a adolescência provocam
também alterações comportamentais. É comum que aquele menino doce e
carinhoso se torne mais agressivo e menos dado a demonstrações de afeto.
Que a menina que antes não desgrudava da mãe agora não queira nem que
os pais a busquem na escola. "Os adolescentes podem ficar irritados,
agressivos, violentos, aparentar depressão", afirma Lélia Reis,
psicóloga e pesquisadora do grupo Sexualidade Vida (CNPq/USP). De acordo
com ela, é normal que, nesse período, aconteça um afastamento da
família. "O adolescente quer buscar as próprias ideologias, fazer parte
de um grupo, mostrar a sua individualidade", explica. Por isso, não ache
que é o fim do mundo se o seu filho pintar o cabelo de azul ou começar a
ter alguns segredos. Além disso, uma característica marcante da
adolescência é o imediatismo. "Eles querem tudo para agora, não pensam
muito nas conseqüências. Prova disso é que eles se apaixonam como quem
troca de roupa", completa Lélia.
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- 4 - A adolescência afeta o desempenho na escola?
- Todas
as mudanças hormonais que acontecem nesse período trazem também
mudanças de comportamento - em casa e na escola. No ambiente escolar, é
comum que as notas caiam um pouco e ele deixe de ser um aluno tão
aplicado. "É uma fase em que a pessoa passa por muitas adaptações
físicas e psicológicas. Com tantas mudanças, acaba acontecendo uma queda
de rendimento", afirma Lélia Reis, psicóloga e pesquisadora do grupo
Sexualidade Vida (CNPq/USP). Mas, em geral, não há motivos para
preocupações. Fique atento, monitore, acompanhe a vida escolar do seu
filho (sem intromissões em excesso) e entre em ação apenas se você
perceber que o seu filho está realmente passando por dificuldades e se o
seu processo de aprendizagem está comprometido.
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- 5 - Como atrair a atenção dos adolescentes para o conteúdo da escola?
- Não
há como negar que não é uma tarefa fácil. Se antes era difícil competir
com o menino bonito sentado algumas carteiras mais adiante, agora há
outros concorrentes: o computador, o celular, as redes sociais, a
paquera virtual... Por isso, é preciso que o educador entenda o universo
dos adolescentes. "Nossos professores passam por uma orientação para
trabalhar com alunos dessa idade", conta Birgit Möbus, psicopedagoga da
Escola Suíço-Brasileira, de São Paulo. "Os adolescentes muitas vezes não
sabem o que fazer com toda a informação que recebem. É papel dos
professores estar aberto para ouvir", diz ela. Com diálogo, é possível
entender o gosto dos adolescentes e, assim, tentar aproximar a matéria
da realidade deles. Que tal trabalhar um conteúdo de Português com uma
música do Restart?
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- 6 - Como lidar com filhos adolescentes?
- Não
tente se transformar em um amigo do seu filho. É muito importante
continuar sendo pai ou mãe, o que significa estabelecer limites quando
necessário. Mas isso não quer dizer que você precisa se tornar um
inimigo do seu filho. Pelo contrário. "Os pais devem continuar se
posicionando como pais, impondo limites e dando uma bronca, quando for
preciso. Mas é importante estar aberto para o diálogo", afirma o
psiquiatra Jairo Bouer. Ele ressalta que a família não precisa ter uma
postura invasiva, forçando o diálogo, mas é preciso estar aberto para os
questionamentos do adolescente e, se possível, estabelecer uma conversa
a partir deles. "É possível dialogar sem invadir a privacidade dos
adolescentes", diz ele.
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- 7 - Como falar de sexo com os adolescentes?
- O
principal conselho dos especialistas é não forçar a barra. "É
importante criar um diálogo desde a infância, mas sempre evitar uma
postura invasiva, que pode acabar gerando uma situação constrangedora",
afirma o psiquiatra Jairo Bouer. Ou seja, nada de colocar camisinhas na
mochila do seu filho só porque acha que já está na hora de ele ter
relações sexuais. "Os pais devem esperar que os filhos deem sinais de
que já estão prontos para falar abertamente sobre sexo", aconselha
Jairo. Também é importante ter uma postura igual com meninos e meninas.
Muitos pais incentivam os meninos a começar logo a vida sexual e tentam
impedir que as meninas façam o mesmo. É errado. Uma boa maneira de
introduzir o assunto em casa sem invadir a individualidade dos filhos é
dar a eles livros sobre sexo, voltados especificamente a adolescentes.
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- 8 - Com que idade é normal começar a ter relações sexuais?
- De
acordo com o psiquiatra Jairo Bouer, as meninas costumam começar a vida
sexual por volta dos 15 anos e os meninos, por volta dos 16. "Os pais
precisam entender que isso vai acontecer e que é normal", afirma. Mas
hoje há até casos de iniciação sexual precoce, com meninos e meninas
tendo relações aos 11, 12 anos. "Existe uma banalização do sexo, a
sociedade erotiza tudo", explica Lélia Reis, psicóloga e pesquisadora do
grupo Sexualidade Vida (CNPq/USP). O fato é que os pais não têm total
controle sobre essa questão. Por isso, o melhor a fazer é manter os
filhos informados sobre métodos contraceptivos e sobre prevenção de
doenças sexualmente transmissíveis. E não se preocupar com o teor da
conversa: isso não vai incentivar a começar a vida sexual se ainda não
se sentir preparado. "Falar de DSTs e métodos contraceptivos não instiga
o adolescente a transar", diz Lélia.
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- 9 - É normal se masturbar na adolescência?
- A
manipulação genital começa muito antes da adolescência, ainda na
infância, mas se torna mais frequente a partir da puberdade. Faz parte
do amadurecimento sexual e do processo de conhecimento do próprio corpo.
Portanto, não há motivos para preocupação se o seu filho estiver se
masturbando. "Só é preciso orientar, caso perceba que ele está fazendo
em público. Isso é mais comum com crianças, que ainda têm certa
inocência", afirma o psiquiatra Jairo Bouer. O importante é deixar que o
seu filho tenha alguns momentos íntimos, feche a porta do quarto, fique
um pouco sozinho. Isso possibilita a descoberta do corpo e do prazer, o
que é muito saudável nessa fase. "Normalmente os jovens têm bom senso
quando se trata de masturbação", completa Jairo.
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- 10 - Como lidar com a homossexualidade na adolescência?
- A
questão da homossexualidade ainda é tabu em algumas famílias, mas está
cada vez mais presente no universo dos adolescentes. Por isso, é
importante tentar agir com naturalidade. "É claro que nenhum pai sonha
em ter um filho gay, mas isso acontece. É preciso entender e conversar
sobre o assunto", recomenda o psiquiatra Jairo Bouer. De acordo com ele,
é muito bom para o jovem poder compartilhar com a família caso tenha
uma opção sexual diferente. "Muitas famílias têm dificuldade de lidar
com essa questão, mas a tendência é uma tolerância cada vez maior na
sociedade. Um exemplo disso é o Baixo Augusta", diz ele, referindo-se a
uma região da cidade de São Paulo onde jovens (e nem tão jovens assim)
heterossexuais e homossexuais convivem em harmonia
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