terça-feira, 25 de junho de 2013

Comportamento dos pais com os filhos



Mesmo que os pais não falem para as crianças, elas percebem muito bem o clima emocional ao seu redor, têm a intuição do que está acontecendo, estão totalmente atentas às conversas dos adultos, desde o tempo em que ainda estavam na barriga.

É impressionante ouvir crianças pequenas fazerem observações aguçadas sobre o comportamento dos pais, que muitas vezes nem se dão conta do que sentem até que seus próprios filhos lhes revelem. Quem se dispõe a observar as crianças com atenção descobre como são inteligentes e o quanto aprendem rápido.

Tudo o que o bebê recém-nascido necessita é da mãe para sua sobrevivência, necessita do seu leite tanto quanto de seu amor, da continuação da relação simbiótica. O total interesse de uma mãe é vital para a constituição de um novo ser humano. Mas, essa relação deve mudar.

Em pouco tempo o bebê irá crescer e tornar-se uma criança que inesgotavelmente deseja. O que ela quer é que sua mãe se dedique unicamente a ela. Sente-se o centro do mundo e irá tentar, da forma mais sedutora possível, resgatar o amor de sua mãe em relação ao seu pai, ao seu trabalho, às suas amigas, enfim, qualquer coisa que se interponha na relação.

A mãe se engana ao tentar fazer tudo para que haja igualdade: não existe justiça para a criança. A seus olhos tudo é injusto quando ela não tem tudo e a mãe não deve procurar ser justa. Afinal, o mundo lá fora não é. Fazer-se respeitar é um aprendizado.

A mãe que tem dificuldades em educar seu filho, em impor seus limites, não aprendeu a suportar frustrações e não aguenta ver seu filho sofrer. Se ela o ajudasse colocando palavras nesse sofrimento, a criança se sentiria compreendida e não teria mais do que reclamar.

Educar é sempre a longo prazo. O que fazemos como pais hoje irá refletir-se na puberdade, na vida adulta dessa criança e tudo o que queremos enquanto pais é que nossos filhos possam fazer uma vida diferente da que tivemos, assim como nós tentamos fazer com a nossa vida em relação a nossos pais.

Quando a mãe sabe de seus limites e consegue marcá-los com amor o filho é obrigado a procurar sua fonte de prazer em outro lugar. Ele se desenvolve. Todos só têm a ganhar.

Se os pais não formam realmente um casal, mas a rigor, o casal é frágil, diante da tentativa de separá-los para conseguir a atenção só para si, a criança constata que tem algum poder sobre eles e que provoca pouco a pouco sua separação. Pior, tem a certeza de que é a responsável por isso e se sente culpada. Na realidade, a solidez do dique formado pelo casal é que tinha uma rachadura.

Para a mãe, o filho tornou-se tudo, razão de seus desejos e atenção. Com os olhos voltados só para ele, ela tem dificuldades em conseguir ser a mesma mulher que foi até então para o seu homem. É possível que tenha caído na "armadilha" da maternidade, negligenciando o marido.

A grande função de marcar o limite dos desejos, de impor a lei, é do pai, mas a mãe deve acatar. Quando isso não acontece, quando a mulher não é esposa do marido, ele passa a sair mais com os amigos, ou investir com exagero suas energias no trabalho, pois precisa de algum consolo.

O filho cresce e esse homem, já não sentindo apoio afetivo em sua mulher, extremamente monopolizada pelo filho, cria uma espécie de "ciúme do irmão mais novo". Vive, sem perceber, um ligeiro estado depressivo, como uma criança que foi abandonada pelo que havia em sua mulher de componentes maternais inconscientes em relação a ele.

Muitas mulheres passam a se queixar dos maridos e os deixam ainda mais sozinhos, quando na verdade elas é que o tornaram assim. Esqueceram-se dos sonhos que planejaram um dia e, agora, tão perto de conquistar os louros da vitória, são capazes de entregar o ouro ao bandido. É a chamada "neurose familiar", que se repete de geração em geração, com os mesmos impasses, completamente contraditórios aos desejos conscientes das pessoas.
Os casais bem estruturados riem, divertem-se e participam do jogo, fingindo estar enciumados com a tentativa da criança de conquistar o mundo da mãe só para ela. Previnem imediatamente o desenvolvimento de sentimentos de culpa na criança, pois ela vê que ninguém, nem sequer ela mesma, pode intrometer-se entre o pai e a mãe.

O que é preciso almejar é que o filho possa ganhar autonomia e desmamar a mãe através das experiências que vive com seus pais.
À mulher, o gosto de viver como mulher, quando ela já vivia apenas como uma mãe esgotada pelo seu filho. E mais, se a criança tem tudo, não sente falta e não consegue reconhecer seus reais desejos, nunca lutará por consegui-los. Importa é que a criança aprenda a se cuidar sozinha, que conquiste o mundo através de suas próprias experiências, que saiba que ela é a representação da indissolubilidade, da combinação viva e da essência de dois seres que são seus pais.

Se a casa é feliz, os filhos conhecerão a felicidade. Se vivem em meio à tristeza, terão motivos para um comportamento depressivo, formando assim equações que vão ficar gravadas em suas mentes como um modelo a seguir. Por isso a importância dessa mãe feliz, garantida em seu prazer independente do filho, constituindo sua alma, no conjunto de seus próprios sonhos.
*Evelyn Pryzant
Psicóloga Clínica

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