Conciliar
trabalho, cuidados com a casa, com o companheiro ou companheira e ainda
cuidar dos filhos é um desafio cada vez maior nos dias de hoje.
Há
algum tempo o cenário da vida familiar vem mudando. Hoje os pais e as
mães trabalham fora de casa, os filhos passam mais tempo na escola e, em
muitos casos, o relacionamento fica complicado.
Será
que é possível conciliar a vida moderna, a realização profissional e
pessoal com a criação dos filhos? Antigamente os modelos eram
pré-estabelecidos: O homem saía para trabalhar enquanto a mulher ficava
em casa, cuidando das crianças; não havia divisão de tarefas, mas, hoje,
as coisas mudaram. De acordo com a psicóloga Márcia Maria Moncorvo
Saldanha Debski, a família de hoje é bem diferente da de décadas atrás:
“Antigamente a família era construída baseada no modelo patriarcal. O
pai era a máxima autoridade e também o provedor. A criança era educada
nos moldes da obediência pelo medo do castigo; não podia opinar sobre
coisa alguma e não era considerada a sua vontade. Atualmente esse modelo
se inverteu totalmente. Não existe apenas um provedor, pai e mãe
dividem as despesas e os cuidados com os filhos e, não raro, muitas mães
são provedoras únicas e chefes de família. Conseqüentemente as relações
também se modificaram”.
Para ela, essas mudanças foram importantes, mas, geraram outros tipos de conflitos:
“Os
pais, por não terem tempo disponível para acompanharem seus filhos de
perto, tentam suprir a ausência comprando brinquedos, roupas, games,
oferecendo passeios e fazendo de tudo para agradá-los. As crianças, por
sua vez, percebendo a fragilidade dos pais exigem cada vez mais e estão
sempre insatisfeitas. São crianças mal educadas, sem limites, sem
tolerância à frustração e sem nenhuma consideração com os outros. Estão
cada vez mais desamparadas. Foi-se de um extremo a outro. È fundamental
buscar o equilíbrio para que as relações familiares possam ser mais
saudáveis e felizes. Para que uma criança cresça saudável e feliz é
necessário afeto, respeito, educação, limites e diálogo”, declara
Márcia.
Mas, como colocar o tão falado “limite”?
Como ensinar aos filhos valores como respeito e responsabilidade? “Os
limites são saudáveis e necessários, pois, amparam e mostram à criança
até onde ela pode ir. Mostram, ainda, que a vida nem sempre é como
queremos.O limite ampara a criança; ela se sente protegida e cuidada”,
afirma e, acrescenta: “Aquilo que a criança presencia em casa ela irá
repetir nos ambientes que freqüenta. Os problemas no relacionamento
podem ser verificados quando a criança apresenta problemas na escola
tais como: falta de atenção, desrespeito às regras e normas da escola,
agressividade, dentre outros.
Para
tentar solucioná-los é preciso primeiramente tomar consciência deles,
depois os pais devem começar a imprimir um novo modo de lidar com seus
filhos, colocando limites e exercendo a autoridade. Pai tem que ser pai e
filho tem que ser filho. Não é saudável e nem educativo colocar-se no
papel de amiguinho para agradar. A criança precisa sentir-se segura de
que existe um adulto que cuida dele e em quem pode confiar e contar. Os
pais são referências e modelos para os filhos; por isso é muito
importante o adulto saber o lugar que ocupa e a missão que tem: educar
um ser humano para a vida e para agir com os outros num mundo
compartilhado. Como queremos que nossos filhos sejam? Será que a
educação que estamos oferecendo propicia isto ou iremos nos envergonhar
deles? Estas são perguntas que todo pai e toda mãe deveria se fazer
regularmente. É possível ter autoridade sem ser autoritário. A educação
deve ser norteada em afeto, respeito, limites, regras e diálogo.
Teoricamente parece muito simples, mas, na prática não é bem assim.
Educar dá trabalho: é tarefa.
Se
os pais não conseguirem dar conta da situação é necessário buscar ajuda
de um psicólogo que irá acompanhar tanto os responsáveis quanto os
filhos.
Educar
exige tempo, paciência, disponibilidade e confiança. Confiança por
parte dos pais em si mesmos e em seus filhos, pois, o resultado positivo
poderá ser visto apenas no futuro. Garantias desse resultado não
existem, mas, os pais devem fazer a sua parte.
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